Sou jovem. Preciso de um seguro de vida?
Tens 30 anos e um seguro de vida não é para ti? Pensa de novo! Lê este artigo e analisa se podes estar a por de lado um produto que pode ajudar no teu bem estar financeiro.
Nesta newsletter queremos partilhar contigo os vários temas sobre literacia financeira.
Desde o básico, de como fazer um orçamento ou começar a ter um fundo de emergência. Até fazer investimentos e como poupar na compra do crédito habitação.
E seguros? Claro que sim também! Há seguros para todos os gostos. E falamos especialmente do seguro de vida.
🩼 Seguro de vida para jovens? Por amor de deus, não preciso disso!
É uma reação natural. Afinal, quando temos vinte e poucos anos, a morte parece um conceito tão distante que nem vale a pena pensar nisso, certo?
Talvez não seja assim tão descabido pensar nisso.
Imagina que tens uma amiga - a Catarina.
Tem 29 anos, trabalha numa start-up promissora, faz escalada aos fins de semana e está prestes a comprar o seu primeiro apartamento, juntamente com o parceiro. Num domingo soalheiro, um acidente de mota durante um passeio pela serra mudou tudo. O fim de semana — e o futuro — ficaram estragados. A visita ao hospital transformou-se em três meses de internamento e numa longa recuperação. Vai ficar sem trabalhar e, com isso, sem rendimento.
É daqueles momentos que esperas que nunca te aconteçam - mas quando acontecem, trazem insegurança financeira.
Será que um seguro de vida teria ajudado a Catarina? Vamos explorar este tema!
🤨 Para que servem realmente os seguros de vida?
Imagina que estás a construir uma casa. Colocarias um extintor apenas quando o fogo já está a consumir a sala? Claro que não. Um seguro de vida funciona com a mesma lógica preventiva.
Todos os meses pagas um valor para te prevenires em caso de acidente - ou sinistros, como as companhias de seguro falam. Quando o sinistro acontece, a cobertura é ativada e tu podes receber uma quantia para te ajudar.
Agora imagina que é a tua vida: a tua vida tem um seguro, tens um acidente, a tua vida fica “partida”, ao acionares o seguro, mediante as condições, recebes uma quantia que te pode permitir não comprar uma nova vida, mas fazer face aos custos que acabaste por ter com esse acidente.
No fundo, o principal objetivo de um seguro de vida é proteger a pessoa financeiramente, caso tenhas um evento que te impossibilite de ganhar rendimentos.
Se sofreres um acidente, ficas livre de pagar encargos, como despesas médicas, créditos ou até escola dos filhos. Se for mesmo em caso de morte, o valor vai para a tua família.
🏠 O seguro de vida no crédito habitação
Como falado neste artigo, quando fazes um crédito à habitação é certo o banco pedir-te um seguro de vida. Não é obrigatório por lei, mas é exigido pelo banco.
Põe-te do lado do banco por um momento. Tu, pessoa, estás a fazer um empréstimo de centenas de milhares de euros. O banco efetivamente comprou a casa por ti e tu vais pagar todos os meses uma quantia para abater a esse empréstimo.
Por alguma razão, acontece um infortúnio e já não estás cá. E faltam 100.000 euros para pagar. Como é que fica o banco? A quem vai cobrar estes 100 mil euros se essa pessoa já não existe? O banco ficaria com uma dívida de 100 mil euros e iria pedir que os herdeiros pagassem. Muitos herdeiros não iriam poder pagar e a casa seria vendida.
Então o banco exige um seguro de vida para proteger o seu financiamento. Neste caso, como faltam a pagar 100.000 euros a pessoa notifica o banco, o seguro de vida é accionado e se tudo estiver dentro das condições é a seguradora que paga ao banco os tais 100.000 euros. O empréstimo fica pago e a casa fica para ti.
🇵🇹 Os seguros de vida são populares em Portugal?
Os portugueses estão a subscrever mais seguros1, segundo os dados da ASF. Neste caso, os portugueses até estão a investir em produtos de capitalização, mais ligados ao investimento.
Esta tendência crescente deve-se a vários fatores:
A instabilidade económica e do mercado de trabalho, que faz com que os jovens procurem mais segurança financeira.
O aumento da idade média para compra da primeira casa, que geralmente vem acompanhada de um seguro de vida associado ao crédito habitação.
Uma maior consciencialização sobre planeamento financeiro, impulsionada por conteúdos educativos nas redes sociais.
Produtos mais flexíveis e com prémios mais acessíveis para os mais jovens.
Curiosamente, a pandemia da COVID-19 acelerou esta tendência. O confronto com a fragilidade da vida levou muitos jovens a pensar que, ao terem uma vida longa, é preciso pensar em alguma proteção.
📄 IAD, ITP, que siglas são estas?
Se estás à procura de seguro de vida, muitas propostas apresentam estas siglas estranhas: ao saberes o que significam, vais escolher a melhor para ti.
A IAD refere-se à cobertura referente a Invalidez Absoluta e Definitiva. Ela cobre incapacidade que resulte de doença ou acidente e a pessoa está impossibilitada de ter uma atividade remunerada. O grau de incapacidade deve ser a partir de 80%.
Já a cobertura ITP refere-se a Invalidez Total e Permanente. É mais abrangente e é uma incapacidade que também resulta de doença ou acidente, mas que o grau de desvalorização seja superior a 66%. A pessoa está impedida de exercer atividade profissional remunerada.
Quando vais escolher um seguro de vida deves definir qual o grau de invalidez associado. Ou seja, se o grau de invalidez for 66%, se fizeres uma avaliação e é declarado um grau de invalidez inferior e 66%, então não terás direito a receber o valor de seguro. O que aconselhamos? Quanto menor o grau subscritor, maior será a segurança para o futuro.
Já tens seguro de vida e não sabes se tens ITP ou IAD? Verifica a apólice do teu seguro ou as condições gerais para ficares a saber.
🙋🏻 Quando faz sentido um jovem ter seguro de vida?
Há situações em que, mesmo sendo jovem, faz todo o sentido considerar um seguro de vida. Depende sempre das perguntas que colocas a ti próprio e as respostas:
Tens dependentes financeiros? Se alguém depende do teu rendimento para viver (parceiro, filhos, pais idosos), um seguro de vida é essencial.
Tens créditos? Pensa e empréstimos para habitação, carro ou educação que poderiam sobrecarregar os teus familiares em caso de falecimento.
Trabalhas por conta própria? Freelancers e empreendedores não têm os mesmos benefícios que trabalhadores por conta de outrem em caso de doença ou incapacidade.
Praticas desportos de risco? Se és adepto de escalada, mergulho, motociclismo ou outros desportos que aumentam o risco de acidentes, um seguro pode ser ainda mais importante.
Tens historial familiar de doenças graves? Algumas apólices cobrem diagnósticos de doenças como cancro ou doenças cardíacas, que podem ter componente hereditária.
Não deixes de tirar um momento para reflectir o que pode ser melhor para ti. Uma coisa é certa: quanto mais cedo pedires um seguro, pagas menos. Se esperares vários anos, quando pedires o seguro, por seres mais velho, terás um prémio maior a pagar, e a compensação poderá ser menor.
🏁 Conclusão: Uma decisão mais importante do que parece
A verdade é que um seguro de vida não é apenas um produto financeiro - é uma forma de responsabilidade e cuidado para com quem amamos. É fácil pensar que temos todo o tempo do mundo quando somos jovens, mas a vida nem sempre segue os nossos planos.
Não se trata de pessimismo ou de estar obcecado com o pior cenário possível. Pelo contrário, trata-se de criar uma base de segurança que te permite viver a vida plenamente, sabendo que os teus entes queridos estão protegidos.
✏️ Trabalho de casa: calcula quanto precisas para um seguro de vida
Este artigo intrigou-te? Agora é por as mãos na massa.
Neste trabalho de casa, pensa em valores e no quanto a tua família precisaria para viver, em caso de falecimento.
São três passos muito simples para te guiar:
Identifica quem depende de ti financeiramente: Parceiro, filhos, pais ou outros familiares que poderiam ser afetados se algo te acontecesse.
Calcula quanto precisarias em caso de imprevistos: Considera despesas médicas, custos funerários e quanto tempo os teus dependentes precisariam até se reajustarem financeiramente.
Um exemplo de cálculo é colocares as tuas despesas mensais dos dependentes (casa, alimentação, educação, utilities) e multiplica pelo número de anos que consideras necessário para reajustar financeiramente. Podes também adicionar despesas imediatas como funeral e despesas médicas
Se as tuas despesas forem 2100€ por mês o cálculo seria: 2100 x 12 meses x 5 anos = 126.000€. Adiciona mais 8.000 euros para outras despesas e tens o valor de 134.000€.
Solicita propostas a pelo menos três seguradoras diferentes: Compara não só o preço, mas também as coberturas oferecidas (não te esqueças da IAD e da ITP!). Procura seguradoras do ramo vida maiores do mercado (Generali Tranquilidade, Fidelidade, Ageas Seguros, etc) ou se consegues algum mediador da zona recorre a pedir uma proposta.
Se este artigo te ajudou a pensar num tema que talvez nunca tenhas considerado antes, partilha-o com amigos que também poderiam beneficiar desta informação!