🥕Prepara o futuro dos teus filhos com esta estratégia
Para quem tem crianças e quer começar a poupar para eles, este guia vai-te fazer arregaçar as mangas e começar já hoje.
Podemos começar com uma pergunta incómoda…Tens filhos?
Sabemos que a nossa audiência é jovem e se preocupa com os assuntos do momento - saúde, habitação, reforma. Mas também há quem esteja tão preocupado com o próprio futuro e o dos filhos. Este artigo é para esses leitores.
E para quem não tem filhos, pode também começar a pensar como levar a literacia financeira aos mais pequenos.
A literacia financeira afeta a tua vida individual, a do casal e até a do agregado. Como passar conhecimentos às crianças que possam ser úteis no futuro, tal como preencher o IRS.
Para alguns pais, também há o tema de começar a gerir o dinheiro dos filhos. Consigo deixar um bom pé-de-meia para um futuro incerto? De que forma posso ajudá-los a darem os primeiros passos da vida adulta?
Apresentamos-te uma família que tem estas mesmas dúvidas. A Madalena e o Manuel são casados e têm três filhos: a Adriana, o Bernardo e o Carlos. Hoje querem começar a criar o futuro financeiro dos seus filhos, por onde devem começar?
Há dois pontos que o casal gostaria de assegurar: que cada filho começassem a vida adulta com um valor. E esse valor deve ser mais do que o valor poupado desde que nasceram.
Se estamos a falar de poupanças, podes optar por uma conta poupança jovem, depósito a prazo ou até certificados de aforro. Um produto que tenha capital garantido. Para investimentos, é necessário pensar mais um bocadinho.
🎯Começar com uma estratégia de investimento
A Madalena e o Manuel têm um bom rendimento e sobra qualquer coisa, mas se vão mesmo embarcar numa estratégia de investimento para cada filho, devem definir muito bem alguns tópicos. Afinal é um projeto que vai durar vários anos, por isso é necessário escrever:
Qual é o objetivo;
Qual é o montante inicial;
Quando começa o investimento;
Quando termina o investimento;
Qual o reforço que vai ser feito - e a periodicidade;
Qual é a rentabilidade anual procurada;
Se tem capital garantido ou não.
Alerta - segue os passos deste casa pois este exercício vai fazer parte do teu trabalho de casa!
Para a Madalena e o Manuel, este foi o plano que definiram:
Objetivo: assegurar um pé de meia para cada filho.
Quando começa: começa dia 1 de janeiro de 2026.
Montante inicial: 1000€, para cada filho.
Quando termina: quando o filho atingir os 25 anos.
Qual o reforço: 50€ mensais para cada filho (150€ por mês, 1800€ ao ano).
Rentabilidade procurada: mínimo 1% ao ano.
Capital garantido: Sim.
♟️Com esta estratégia, quanto ganha cada filho?
Nota: todas as tabelas apresentadas neste artigo são apenas simulações. Ao resultado final, deve ser descontado a taxa de mais-valias a pagar, que varia consoante o produto escolhido.
Antes de implementar qualquer coisa, o casal faz uma simulação, para entender se os resultados estão de acordo com as suas expectativas.
Para este cenário, os pais começam com 3.000€ (1.000€ para cada filho) e o reforço mensal é de 150€ (50€ para cada filho) e rentabilidade de 1% ao ano.
É uma estratégia prática, os pais sabem claramente qual o ponto de partida, o ponto de chegada e o esforço financeiro a fazer durante vários anos.
Nesta simulação, percebem alguns pontos:
Cada filho começa da mesma forma, mas nem todos têm o mesmo tempo de investimento. A Adriana, sendo a filha mais velha, tem um horizonte de investimentos de 15 anos. Já o Carlos tem mais de duas décadas. Mais um par de meses de capitalização faz bastante diferença.
Ter capital garantido pode ser uma estratégia que ajuda os filhos a não perder dinheiro, contudo com uma taxa de juro baixa, o bolo cresce “aos bocadinhos”. Por exemplo, a Adriana só leva para casa pouco mais de 800€ e o Bernardo leva 1350€.
👀E se fosse possível com o mesmo investimento obter melhores resultados?
Os pais gostam do fato de investirem alguns euros ao longo do tempo e cada filho leva para casa acima de 10.000€.
E se pudessem levar mais? É possível começar à mesma com 3.000€, os mesmos reforços mensais e os filhos conseguirem mais dinheiro?
Considerando que o período de investimento é superior a 15 anos, pode fazer sentido investir num produto que, mesmo não tendo capital garantido, que tenha taxas de juro ligeiramente superiores à inflação. Isso traz mais incerteza, mas há tempo para quedas e recuperações.
Numa nova simulação, mantém-se tudo igual, mas a capitalização esperada é de 5% ao ano.
Aqui, conseguimos arrancar mais sorrisos. 🙂
A Adriana já leva mais de 5.000€ de juro para casa - consegue obter um ganho de mais de 50% do valor investido.
Já o bebé Carlos leva quase o dobro para casa, começando com os mesmos valores e os mesmos reforços mensais - um cenário com taxa de 5% mostra o enorme peso do juro composto a longo prazo.
É de lembrar que estes valores podem não ser garantidos, e portanto depende da forma como os pais vão reagir se a carteira desvalorizar 10% em alguns momentos.
👩🏻👦🏻👦🏻O mais novo “ganha” aos irmãos, podem todos ter o mesmo resultado?
Ao verem as diferenças de valores, o casal fica preocupado que um filho vá receber mais do que outro. Será possível garantir que cada filho recebe um valor mínimo (e evitar puxões de cabelos no próximo Natal)?
Ao manterem tudo igual, os filhos terão resultados bastante diferentes. Para “combater” o factor tempo, é preciso fazer algumas alterações: ou cada filho começa num ponto de partida diferente ou há quem tenha aportes mensais superiores aos dos irmãos.
Vamos supor a estratégia A, em que os irmãos não começam todos com o mesmo valor, mas os pais mantêm os 3.000 iniciais. A Adriana e o Bernardo começam com 1100€ e o Carlos começa apenas com 800€. Os valores são parecidos com a simulação anterior, mas há ligeiras diferenças, nas centenas de euros.

Já na estratégia B, os pais podem fazer aportes mensais superiores. Aqui, cada filho recebe os tais 1.000€, mas a Adriana tem aportes mensais de 100€, e os restantes irmãos 50€. Os pais vão efetivamente passar os 150€ mensais para 200€.
Neste cenário temos uma total inversão: a filha mais velha consegue levar mais umas centenas de euros para casa, pois teve um aporte mensal superior aos irmãos.

Qual a melhor simulação? Essa resposta depende a quem perguntas. Em quatro simulações, conseguimos perceber que há cenários que favorecem mais um filho do que outro, contudo há também o custo anual dos pais.
Para a Adriana, o melhor cenário é o último cenário - porque leva um valor total superior, devido ao maior investimento dos pais. Contudo, neste cenário, os pais gastam por ano 1.200€ na Adriana de uma conta anual de 2.400€. Se seguirem o modelo de 50€ mensais para cada filho, a conta é no máximo 1.800€.
Já o Bernardo e o Carlos conseguem vingar na segunda e na quarta simulação, sem dar mais trabalho aos pais.
🪴Para crescer, o nosso melhor aliado é o tempo.
Estes exercícios mostram como é que se pode “jogar com os números”. Existem outras tantas simulações que podem fazer: começar com valores mais baixos ou fazer reforços a cada trimestre.
Mas a regra de ouro está inquebrável. Quanto mais cedo começar, mesmo com um reforço mensal sempre igual, maior será o “pé-de-meia” para cada filho quando chegar aos 25 anos.
Outras conclusões que o casal retirou:
Para quem tem menos tempo, para o mesmo objetivo, tem de investir mais. A filha mais velha tem 15 anos de investimento, para conseguir ultrapassar os irmãos, tem de investir mais.
Definir um reforço mensal ajuda a que todos os meses haja uma contribuição para os juros começarem a trabalhar. Mesmo 20€ todos os meses hoje pode-se traduzir em dezenas de milhares de euros no futuro.
Pode-se implementar a mesma estratégia para cada filho, mas vai produzir resultados diferentes, consoante as características do produto financeiro escolhido, a taxa de juro associada, e o período de investimento.
A estratégia deve ser flexível e adaptada a cada agregador familiar. Mas começar cedo e reforçar consistentemente vai dar mais resultados.
💸Agora vamos a soluções: que produtos escolher?
Após as simulações, o casal escolhe a estratégia com mais risco, para poder fazer o bolo crescer. Quais serão os produtos que melhor servem os objetivos?
Os produtos de capital garantido trazem segurança e tranquilidade, sabendo que daqui a 15 anos, o valor inicialmente investido vai continuar lá. Contudo, as taxas de juro são mais baixas e, mesmo passado 15 anos, o crescimento não deve ir além dos 20% do valor inicial.
Trocando por miúdos → se começas com 5000€, provavelmente terás menos de 1000€ de juros.
Já olhando para os produtos de capital não garantido, que produtos podem ser interessantes para quem tem filhos? Os PPRs podem ser um produto a considerar.
📜Sobre os PPRs
Ao fechar os últimos meses do ano, aparece muita publicidade relacionada com o PPR, a mencionar que além de sere um produto que faz o dinheiro crescer enquanto dormes, também tem benefícios fiscais à entrada e à saída.
Para recordar o artigo que escrevemos, partilhamos um resumo rápido:
O benefício à entrada…é que se investires um determinado valor, podes declarar esse investimento na declaração de IRS e dá-te um benefício fiscal de 20% do valor investido. O montante máximo da dedução obedece às seguintes regras:
Se tens menos de 35 anos, podes deduzir até 400€, desde que apliques 2000€ no PPR, nesse ano;
Entre 35 e 50 anos, o limite máximo é 350€, desde que apliques 1750€;
A partir dos 50 anos, podes deduzir até 300€, desde que apliques 1500€.
Se falamos no benefício à saída, a tributação das mais-valias é feita apenas no momento do resgate, e o imposto é reduzido, quando comparado com outros instrumentos financeiros. O geral é uma taxa de 28%, mas para os PPRs começa nos 21,5% e se resgatares passado 8 anos e um dia, a taxa baixa para 8%.
🗒️É possível fazer um PPR para uma criança?
Sim, é possível subscrever um PPR em nome de um menor. Contudo, apenas para o formato de fundo de PPR. A subscrição tem de ser feita pelo representante legal da criança, neste caso a Madalena e o Manuel.
Estes fundos de PPR geralmente não têm capital garantido, então é aqui que entra o começar mais cedo. Para horizontes de 15 a 20 anos, faz sentido escolher fundos PPR com maior exposição a ações e também para acumular capital. Assim todo o juro gerado é automaticamente reinvestido no fundo, acelerando a curva de crescimento.
Para o casal, como cada filho terá no mínimo 15 anos de investimentos pela frente, esta pode ser uma opção que os ajuda a chegar aos seus objetivos.
Sobre pagar mais-valias
A grande vantagem dos PPRs é o benefício fiscal de saída: se resgatado dentro das condições legais e após 8 anos e um dia, a taxa sobre as mais-valias é de 8%. Vais pagar 8% sobre o bolo todo? Não, apenas dos juros criados.
Olhando para o caso do Carlos, na segunda simulação:
Total investido: 14.200€
Total de juros compostos: 12.353,17€
Soma: 26.553,17€
Os 8% vão incidir sobre o total de juros compostos. 8% de 12.353,17€ = 988,25€.
Total líquido que o Carlos vai receber = 26.552,17€ - 988,25€ =25.564,92€
Nota importante: sabemos que o PPR pode ser usado para benefícios fiscais à entrada. Contudo, como a criança não será o titular deste PPR, não há benefícios fiscal.
🍼Conclusão
Todos os pais querem o bem-estar das suas crianças. Para além de transmitir valores, é relevante transmitir o papel fundamental da literacia financeira vai ter ao longo das suas vidas.
Criar uma espécie de fundo de emergência para começar a vida adulta é algo que está presente na cabeça de muitas famílias. Para criar esse pé-de-meia e fazê-lo crescer é importante começar com a estratégia e adaptar os valores à realidade do agregado familiar.
A estratégia que demos como exemplo segue esta fórmula:
A idade atual do filho.
A idade em que pretendemos parar com a poupança/investimento.
O valor que queremos atingir - quando chegar a este valor é bom.
Qual a rentabilidade esperada?
📝Trabalho de casa
O trabalho de casa que temos para ti é criares uma estratégia de poupança/investimento para os teus filhos.
Quer tenhas 2 em fase escolar, ou até um acabado de nascer, quem começa mais cedo tem vantagens no futuro. E mesmo que aches que só consegues contribuir 20€ a cada, umas dezenas de euros hoje, daqui a 10 anos podem converter-se em centenas ou milhares de euros.
Para começar, segue estes passos:
Cria uma estratégia de investimento para cada filho, com base nas necessidades e também com a capacidade do orçamento familiar.
Faz simulações para entender que estratégia é confortável e também permite dar o maior ganho possível.
Vai ao mercado e compara produtos financeiros existentes, lê bem os custos de subscrição e de resgate, e acrescenta na estratégia.
Não deixes tempo precioso passar: subscreve o mais cedo possível para que o tempo contribua para o sucesso.
Se não tens filhos…começa a pensar que para além dos custos do dia-a-dia, reserva um valor mensal ou incluí o dinheiro dado à criança por outros para esta estratégia. Pode ser uma excelente ajuda para começar a vida adulta com um fundo de emergência.
Disclaimers
Conteúdo educativo; não é aconselhamento financeiro.
Não subscreva produtos financeiros em nome dos seus filhos. Considere o regime fiscal das doações de pais para filhos onde pode ser muito mais vantajoso que qualquer ppr.