🥕 Vá para fora cá dentro? Ou uma viagem a oriente?
Hoje vamos falar de carreira profissional. Deves ficar em Portugal? Ou devias explorar oportunidades lá fora? Tudo irá depender de ti. Sabes onde queres ir?
Bem vindos a mais um artigo d’o amador financeiro.
Este artigo será um pouco diferente, eventualmente um pouco mais pessoal porque se trata de um conversa com um grande amigo meu que me tem inspirado muito nos últimos anos. Mas mais do que isso este artigo explora diferentes opções de como pensar e planear a tua carreira profissional.
Eu conheci o Zé em Singapura há cerca de 10 anos quando aterrei pelo oriente. Tinha comprado um bilhete de ida para explorar novos desafios e experiências. Fi-lo porque queria conhecer outras culturas, novos sabores e cheiros, quis sair da minha zona de conforto. Mas, talvez mais importante, fi-lo porque procurava novos desafios profissionais e, muito sinceramente, porque queria uma melhor realidade financeira para a minha família.
Foram outras as ambições que, do ponto de vista profissional, levaram o Zé a Singapura. Para ele foi a paixão pelo “e-commerce” e a possibilidade de trabalhar em "tech" num dos Países mais avançados do mundo. (Isso, e o facto de estar a 3 horas das melhores ondas do mundo. Para quem não sabe a Indonésia é a meca do surf.)
Começamos a nossa viagem de pontos de partida bastante diferentes, com objetivos distintos, e como desconhecidos. Profissionalmente eu procurava oportunidades financeiras melhores e dava seguimento da minha carreira como consultor. O Zé ia tentar a sorte numa indústria diferente. Ambos abraçámos o desconhecido.
Cruzámo-nos, partilhámos experiências profissionais e, talvez mais importante, experiências pessoais. Para trás ficaram a família, os amigos, uma realidade que conhecíamos bem, um Portugal à beira-mar plantado.
Vamos conhecer melhor o Zé
Ora bem, vamos então conhecer o Zé um pouco melhor e tentar perceber o seu percurso e as suas grandes decisões. Já agora aqui fica o LinkedIn do Zé 👇!
Para quem não te conhece, conta-nos um pouco sobre ti?
Sou português, vivo fora de Portugal há cerca de 13 anos. Adoro viajar, faço Bodyboard como desporto principal e viajo muito em trabalho e lazer. Tecnologia e e-commerce são dois dos meus tópicos preferidos, interessantemente com o tempo ganhei gosto por tópicos que antes não gostava, finanças e operações (logística). Vivi 1 ano em Angola, 10 anos em Singapura e 2 anos no Médio Oriente. Tenho algumas empresas próprias em Portugal e fora, mas também trabalho com empresas grandes internacionais na área do e-commerce. Trabalhei para o grupo Alibaba e geri o e-commerce da Zara, Massimo Dutti, Marks & Spencer entre outras para alguns países do Sudeste Asiático.
O que tens andado a fazer estes últimos anos da tua carreira e quais foram os teus principais desafios?
Hoje em dia muito do meu tempo é alocado ao médio oriente, onde trabalho com um grupo empresarial, tipo Sonae, na área de tecnologia e “e-commerce”. Também estou a tentar criar uma base forte em Portugal, criar empresas e negócios que orgulha o nosso país.
Como expatriado durante quase 14 anos quero voltar ao meu país e ajudá-lo a crescer.
O que o Zé não nos disse diretamente
Quando aterrei em Singapura eu não tinha trabalho e o Zé trabalhava para uma startup de “e-commerce” numa posição de estagiário. Ele tinha deixado a empresa da qual ele era sócio em Portugal para seguir a paixão de trabalhar em “e-commerce” num ambiente internacional. Ele deu uns passos para trás porque sabia onde queria ir e sabia que em Singapura teria melhores oportunidades que iam muito além das boas ondas da Indonésia.
A minha história começou de uma forma diferente, eu consegui arranjar um trabalho numa empresa internacional muito rapidamente. Tive sorte! Pelo menos foi assim que pensei na altura. Mas eu não sabia para onde queria ir e na realidade encontrei-me a fazer uma coisa que não gostava durante os meus primeiros anos em Singapura. Em bom rigor estava psicologicamente preso à ideia que tinha que ter um ordenado de X e que todos os anos tinha que ser aumentado em Y. Foi este modelo mental que, na parte inicial da minha vida em Singapura, me guiou.
Enquanto isso, o Zé tinha sido convidado para montar um supermercado “online” (estilo pingo doce e continente “online”) em Singapura. Eu na altura nem percebia bem o conceito, mas hoje em dia sou incapaz de viver sem fazer compras de supermercado “online”. O esforço, persistência e determinação deram frutos e o Zé fez parte da equipa que montou e escalou o maior supermercado “online” em Singapura, que anos mais tarde foi vendido ao Alibaba - uma das maiores empresas do mundo. nessa área, que compete com a Amazon. Simplesmente incrível.
Curioso uma vez que és expatriado, o que pensas da realidade de trabalho em Portugal?
Numa vertente económica Portugal tem um desafio complexo pois tem população pequena, com pouco poder de compra e tem muitos impostos e burocracia. É assustador pensar no difícil que é vingar no nosso país. Numa vertente de qualidade de vida é espectacular. O clima, a comida, as paisagens, as praias, a cultura são tudo coisas onde estamos entre os melhores do mundo. E hoje em dia adoro também a diversidade de nacionalidades e culturas que conseguimos atrair para o nosso país. Ou seja, ganhar um salário baixo em troca de boa qualidade de vida é o trade-off que os jovens portugueses se deparam ha mais de 20 anos. E não me parece que vai mudar em breve. Para alguém que queira mesmo ficar em Portugal eu sugiro procurar trabalho em empresas portuguesas que tenham muito negócio global (fora de Portugal) para vos abrir o mundo. Alternativamente empresas internacionais reputadas que tenham operações em Portugal. Startups também é um caminho interessante, mas sempre naquelas cujo o foco é fazer negocio global.
Tanto eu como o Zé fomos rumo a oriente, com objectivos distintos, mas com uma vontade de aprender e desenhar um percurso profissional diferente do que na altura julgávamos ser possível em Portugal. Muita coisa mudou entretanto.
O mundo é mais global e Portugal mais international. A questão de ir para fora está sempre ao virar da esquina, mas, por outro lado também a possibilidade de ficar e por cá explorar uma carreira diferente. Em bom rigor tudo depende de ti, de onde queres ir e do que gostas verdadeiramente.
Que conselhos gostarias de deixar a quem está numa fase inicial da sua carreira?
Não sei se é o que querem ouvir, mas, aconselho a saírem de Portugal e procurarem um pais em forte crescimento (Arábia Saudita, UAE, Singapura) ou com economias muito fortes (Reino Unido, USA). Nessas vidas de expatriado aprendam sobre o mundo, sobre culturas, religiões, viagem, muito e criem amizades com pessoas de todo o mundo. Um dia mais tarde voltam a Portugal com um bom pé de meia e muita experiência global que vai ajudar a puxar o nosso, país para cima. Muito importante diria começarem a poupar dinheiro desde o primeiro salário, investir uma parte das poupanças em áreas sólidas, de pouco risco, mas com potencial de crescimento forte (por exemplo, investir em ações das melhores empresas do mundo). Investir em Imobiliário também é importante, mesmo estando fora assim que possível comprem a vossa casa em Portugal (se pretenderem voltar um dia) e arrendem a casa enquanto não voltam a Portugal. Em termos de empresas onde trabalham, usem essas empresas em benefício da vossa estratégia de carreira, tenham uma estratégia bem desenhada desde o início, e não há problemas se houver mudanças na estratégia, mas é sempre bom saber qual o caminho desejado e pensarem como a empresa onde trabalham vos ajuda a lá chegar. Na vida, as memórias são o bem mais valioso que podemos ter. Construam uma carreira em empresas e áreas que gostem, que vos tragam grandes conquistas e memórias.
Eu segui a sugestão do Zé e gostei do que encontrei, das experiências que tive e de todas as pessoas que conheci. Abandonei a ideia de que tinha que ganhar X e ser aumentado em Y, dei um passo atrás e aceitei uma posição mais júnior (a receber muito menos) na área de produto, e encontrei finalmente o que gosto de fazer. Pelo menos até à próxima aventura tomar conta dos meus planos 😊.
Acho que ambos aprendemos muita coisa nessa experiência e para mim as seguintes aprendizagens foram as mais importantes (nota que não estão necessariamente por ordem):
🗺️ Tem um plano: tenta imaginar um caminho, tenta perceber onde queres chegar e quais os principais elementos que te faltam. Quando estás a pensar num trabalho, pensa se esse trabalho poder ter um efeito trampolim para te catapultar para onde queres chegar.
💰 Poupa e investe algum do teu dinheiro: Como o nosso amigo Zé diz "Começa a poupar dinheiro desde o primeiro salário e investir em áreas sólidas e de pouco risco".
🌍 Aprendizagem global: experimenta diferentes culturas, religiões e formas de vida. Isso vai ajudar a construir uma visão mais ampla e a compreender melhor o mundo. Nunca pares de aprender.
🥊 Toma iniciativa: fora de Portugal ou cá dentro toma iniciativa e faz o que achas que deves fazer. Um passo de cada vez.
E tu sabes para onde vais?
Eu sei, esta é uma pergunta ingrata e bastante complicada de responder, mas é muito importante parar para pensar neste tema por isso aqui ficam alguns passos ou ideas que te podem ajudar:
Gostas verdadeiramente do que fazes?
Olha à tua volta, conheces alguém que está a fazer algo diferente do “normal” e interessa-te? Fala com eles!
Tenta definir o que queres da tua carreira - algumas ideias:
Querer trabalhar numa empresa grande?
Fazer parte de um equipa que quer mudar o mundo?
Conseguir a tua liberdade económica?
Quais os passos que necessitas para alcançar esse objectivo?
Ganhar conhecimento num tema? Talvez tenhas que dar uns passos para trás.
Precisas de alguém que te ajude a chegar lá? Não tenhas receio de entrar em contacto com quem te posso ajudar.
Age! Se não fizeres nada as coisas não vão acontecer.
O teu caminho pessoal e profissional é teu mas pode, e deve, ser feito acompanhado. Ninguém está sozinho e tu também não.
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Partilha nos comentários: Qual é o teu plano de carreira? Como é que pensas sobre este tema? Nós e outros amadores estamos aqui para te ajudar como pudermos! 🙂
Olá, Tiago! Artigo muito bom que nos ajuda a olhar para ambas as perspectivas (ficar ou emigrar). No entanto, tenho uma pergunta: se fosse hoje, num mundo com um custo de vida galopante, crise imobiliária, inflação finalmente a estabilizar, problemas de em sistemas de saúde e um mercado de trabalho extremamente competitivo, teria decidido emigrar ou ter dado esse passo algo arriscado pois, não tinha nada certo em Singapura?
Que isto não sirva de desculpa para não nos aventurarmos até porque eu também não estou em Portugal, mas penso que emigrar tem de ser uma ação mais consicienzializada nos dias hoje devido a todos os fatores externos que podem efetivamente destabilizar a nossa saúde mental.
Contínuo a achar que é relativamente acessível encontrar trabalho, mas não um trabalho bom e que nós realmente gostamos para criar uma marca no nosso futuro e na empresa.