🥕 Revê o teu extrato bancário e define o teu orçamento em 3 passos
O Tiago acha que está a gastar muito dinheiro e tem de melhorar as despesas. Neste artigo partilhamos algumas estratégias de orçamento para gerires o teu ano.
Olá, bem-vindo a mais um artigo d’amador financeiro. O tema é o tema mais chato de sempre…orçamentos!
Sim, vamos querer falar de como gerir gastos.
Parece um tema secante, mas acredita que poderá mudar a tua vida. Ao começares o ano com o pé direito, vai ser muito mais fácil concretizares os teus objetivos financeiros e não sentires que estás sempre a correr atrás do prejuízo. Essa organização vai-te dar muito mais paz mental e permite-te tomar melhores decisões no curto e no longo prazo.
Por isso, não te vás embora, fica connosco! Vamos falar sobre os desafios que é gerir gastos, X lições para levares contigo e ainda partilhamos uma ferramenta que vai mudar a tua vida.
Pronto? Vamos lá!
Apresentamos-te o Tiago.
O Tiago é uma pessoa como tu. Está preocupado com a sua vida financeira e este ano deu o passo em frente de se começar a organizar.
Analisou os benefícios fiscais que pode ter com o IRS Jovem, já tem o fundo de emergência completo (monta o teu!) e criou um objetivo financeiro para este ano: poupar 1000 euros para o seu primeiro investimento em ações.
O Tiago está entusiasmado. Mas todas as semanas abre a app do banco e fica preocupado com os seus gastos.
“Onde está a ir o dinheiro? Como é que sobra tão pouco?”
Se estás na mesma situação que o Tiago, vamos com calma. É possível melhorares os teus gastos e teres uma vida financeira mais rica. Tudo através da criação de um orçamento para ti.
O primeiro passo do Tiago é respirar fundo e tirar tempo para rever o extrato bancário.
Basta abrir as apps do telemóvel e fazer scroll - e começar a ver muitos poucos movimentos de entrada e uma montanha de movimentos de saída de dinheiro.
Não stresses, o processo é mesmo este. Ao olhares para o teu extrato vais aprender quatro lições valiosas. Cada lição é um passo para construires o bom orçamento que te irá ajudar a concretizar os objetivos.
1º passo: olha para o teu extrato e vê quem és.
Para saberes onde vais, tens de saber primeiro onde estás. O teu extrato bancário mostra o dinheiro que tens atualmente e para onde ele está a ir.
Esse dinheiro pode ser gasto em despesas essenciais, para o fundo de emergência, para investimentos e depois “para o resto”. O que é importante? Perceberes o que é esse “resto”.
Se quiseres ir ao detalhe, usa um conversor de PDF para Excel para conseguires manipular os dados e fazer análises mais compreensivas.
Voltando ao Tiago.
Ele gasta dinheiro nos seus essenciais, já tem um fundo de emergência completo. E onde é que ele gasta mais dinheiro?
Talvez numas bebidas quando sai com amigos, um ou dois concertos por ano, um ou dois jantares na casa de alguém para poupar uns trocos. Ele sabe isto ao monitorizar as receitas e os gastos.
Desafio: Senta-te ao computador ou abre a app de telemóvel do teu banco, tira o extrato do último mês e começa a responder a algumas perguntas:
Quanto recebo por mês?
Quais são os tipos de despesas que tenho?
Estou a contar com os imprevistos?
Quanto estou a poupar?
Quanto estou a investir?
O Tiago abriu um ficheiro Google Sheets e começou a preencher o que recebia (salário, dinheiro dos avós, reembolso do IRS, etc), e o que gastava. É mesmo para registar todas as despesas. Mesmo o um euro na cerveja antes do jogo da bola, ou aquele pão com chouriço comprado como hora de almoço rápida.
2º passo: todos os seres humanos têm padrões, descobre os teus.
Na altura do registo, não queres só uma lista de despesas, sem ordem. Procura organizar as despesas por categorias, como despesas com o carro ou despesas de lazer e férias.
Estas categorias permitem-te rapidamente identificar padrões. E que categorias podes criar?
Identifica as despesas essenciais repetíveis todos os meses (os básicos como renda, eletricidade, televisão);
“Essenciais da vida moderna” (passe de transportes, subscrições de streaming, pacote de dados móveis extra);
Despesas de lazer relacionado com tempo / livre férias (viagens, estadias, refeições, concertos, etc)..
O Tiago fez este exercício e teve uma surpresa: gastou muito mais dinheiro em jantares do que estava à espera.
Aliás, parecia que gastava menos dinheiro quando saia de casa (porque estava consciente das bebidas que estava a pagar) do que quando ia para casa de amigos (cada um levava uma coisa, acabavam por encomendar mais durante a noite, e ficava mais caro do que “só ir beber umas cervejas”).
3º passo: calcula a despesa que tem mais peso no teu orçamento
Vamos descobrir o teu peso: 70 quilos ou 90 quilos? Estamos a brincar, não queremos saber quanto pesas. Queremos que saibas qual é o peso que determinadas despesas têm no teu orçamento.
O Tiago fez estas contas e ficou impressionado que gasta 1000 euros por ano no carro. Isso são 3 voos de férias com os amigos!
Pega no teu orçamento anual e faz a comparação com o que gastas no carro.
Neste exemplo, o Tiago ganha 1300 euros por mês (valor anual em Portugal = 1300 x 14 = 18.200 euros anuais). Os 1000 euros representam menos de 6% do rendimento anual do Tiago, e considerando o uso muito regular do carro, é uma despesa com um “peso” equilibrado.
Olha para o teu extrato, procura os valores mais altos e calcula o peso no orçamento. É expectável que muitas despesas básicas ocupem uma parte do orçamento mensal, por isso vai mais fundo e encontra outras despesas.
4º passo: descobre “aquelas despesas” que não dás valor
No meio de linhas e linhas de gastos, sabemos que nem todas têm o mesmo peso. E depois há os imprevistos, que não podes controlar.
Mas depois há aquelas despesas de que…não gostas assim tanto! Sim, aquele dinheiro que foi para uma cena que afinal não valia a pena.
O Tiago percebeu que no último mês gastou 90 euros no pequeno-almoço. Como?
Nas últimas semanas tem dormido mal, fica mais tempo na cama, chega tarde ao escritório e não tem tempo para tomar o pequeno-almoço em casa. Sai porta fora e antes de chegar ao escritório pede uma sandes e um galão na pastelaria mais próxima. Paga três euros de cada vez.
Isto repetiu-se mais de três vezes por semana e contabilizou 90 euros gastos neste café. Parece pouco, bem inferior ao valor do carro. Mas foi algo de que não está à espera. Gastei 90 euros em pequeno almoço? Isso é quase duas semanas de compras de supermercado. Se acordasse uns 10 minutos mais cedo, não teria de gastar esse dinheiro.
O que realmente incomodou o jovem é que não é algo que ele dê muito valor: porquê gastar tanto dinheiro em pequeno-almoço? Se fosse algo que ele valorizasse mesmo, era dinheiro bem gasto. Sendo assim, é só mais uma despesa que não faz o mínimo sentido.
Assim, além de gastares dinheiro no essencial, identifica aquilo que não te faz sentido gastar (e reduz) para poderes usar o dinheiro nas coisas que realmente te dão prazer.
O teu novo orçamento começa aqui.
Parabéns, chegaste ao fim do exercício - tu e o Tiago 🎉.
Vamos recapitular o que o Tiago fez até agora:
✅ Identificar todas as despesas e receitas num mês.
✅ Categorizar as despesas em temas para entender melhor os padrões.
✅ Calcular o peso de cada categoria no orçamento anual.
✅ Descobrir despesas que não fazem sentido.
Com isto pronto, está na hora de passar para a zona de controlo e planear as despesas que vai ter para monitorizar no futuro.
O Tiago já tem uma ideia o que se passou no último mês e agora vai criar mecanismos para acompanhar os seus gastos e mudar os seus comportamento.
Chegou a hora de criar o orçamento!
Já conheces a regra do 50-30-20?
Para gerires as tuas contas, não precisas de inventar a roda, podes aplicar uma regra que já existe.
Um método eficiente e prático de lembrar é a regra dos 50-30-201.
É um método que foi criado pela Elisabeth Warren e Amelia Tyagi, para permitir haver um equilíbrio entre as várias despesas que tens durante a tua vida.
O método funciona de forma simples, pega no teu rendimento mensal e divide:
50% devem estar alocados a despesas básicas, como casa, alimentação, eletricidade, comunicações, etc.
30% é para lazer, como jantar fora, ir ao ginásio, etc.
20% é para poupanças e investimentos. Depois do teu fundo de emergência estar robusto, aplica o resto do capital em investimento alinhados aos teus objetivos.
50-30-20 fácil de decorar, certo? Mas sabemos que esta regra pode sofrer alterações. No contexto português, nas grandes áreas metropolitanas, os custos com a habitação podem aumentar a fatia dos 50% em despesas básicas, pelo que é preciso ajustar as percentagens à tua realidade.
Vais fazer um orçamento? Usa esta ferramenta.
Achas mesmo que não te íamos ajudar a fazer este exercício? Claro que não!
Para ajudar-te a ti (e ao Tiago) criamos uma ferramenta que implementa o método 50-30-20 e ajuda-te a gerir as tuas despesas e compará-las com os teus objetivos financeiros.
Usa esta ferramenta de gestão de orçamento que criámos para te acompanhar no exercício!
Como funciona? Copia esta Google Sheet para a tua drive, abre o ficheiro, abre o extrato bancário do teu mês e preenche os vários campos.
Outras alternativas é usares aplicações como a Monefy, Revolut ou Wallet, que têm funcionalidades de gestão de orçamento e facilitam o preenchimento, pois algumas podes ligar à tua conta e ajudar-te neste registo.
Conclusão
Quando se trata de criares um orçamento, deves primeiro conhecer-te a ti mesmo. E há quatro lições que acontece a qualquer mero mortal: nem sempre sabemos exatamente para onde está a ir o dinheiro; todos temos padrões de gastos; conhecemos muito pouco sobre as categorias onde gastamos; há muito dinheiro a ir para coisas que não fazemos ideia e nem fazem sentido.
Ao aprenderes estas lições, e completares o exercício, refletes sobre os teus gastos e preparas um melhor futuro para evitar cair.
Trabalho de casa 🖊️
Estás pronto para o próximo passo?
O teu trabalho de casa é realizar os quatro passos que o Tiago fez:
Identificar todas as despesas e receitas num mês.
Categorizar as despesas em temas para entender melhor os padrões.
Calcular o peso de cada categoria no orçamento anual.
Descobrir despesas que não fazem sentido.
Criar um orçamento mensal para monitorizar as despesas ao longo do ano.
Começa mesmo por olhar para o teu extrato bancário e depois cria o teu orçamento com a ajuda do template.
Copia o documento acima e segue as instruções para conheceres-te a ti mesmo, tudo em três passos:
Define o teu salário líquido mensal, é a tua baseline;
Revê os gastos do teu último mês e ganha consciência de para onde vai o teu dinheiro.
Define o teu Orçamento Mensal para o ano 2025 (já está pré-preenchido para facilitar a gestão do teu Orçamento)
Colocar as coisas no papel dá trabalho, porém cria compromisso e ajuda-te a olhar para a situação de outra perspetiva. A tua vida financeira pode mudar já hoje se arregaçares as mangas e passares da teoria à prática!
Estás pronto para o desafio? Deixa nos comentários quando fizeres o teu orçamento!